4 de janeiro de 2011

A falta que o tempo trouxe

"Tudo chega ao fim, é o que prega a melancolia e o tempo que se arrasta de forma imperceptível até o momento derradeiro que ele se projeta diante de nossos rostos e nos força a aceitar que ele tem o poder. O tempo tão mascarado por gargalhadas e sentimentos de união, no final se mostra imparcial e traz aquela indesejada despedida ao seu lado.
Somente a tristeza se desprende de meus dedos nesse momento, enquanto um filme mudo passa em minha cabeça, os olhos lavados em lágrimas é a prova de que tudo o que foi vivido valeu a pena. Houve altos e baixos, crises, tensão, mas o que prevalece na memória, pintado em forma de lembranças, são aquelas situações pitorescas e alegres.
A efemeridade do tempo não se resume a dias, meses ou anos, e sim em circunstâncias. E tudo passa mais rápido do que a gente queria.

Na verdade não sei como superarei essa falta que começa a tomar conta de dentro para fora, não consigo sanar essa sensação de vazio dentro de mim e pode ser que eu nunca consiga. Novos risos não apagam o som daqueles que já passaram. Novas pessoas não substituem as que o coração acolheu.
Parece exagero ter saudade de pessoas que não vejo há poucos dias, mas não é apenas saudade, é a perspectiva de que acabou, de que as noites de segunda a sexta serão meramente noites de segunda a sexta. É a sensação da certeza de que tudo isso é um tempo que não volta mais. Não há repetições.
As palavras me fogem nesse instante, como se soubessem que eu me embaralharia tentando escolher quais eu deveria usar.

Quero acreditar que o que chegou ao fim foi apenas uma fase, pois tenho certeza de que tudo o que é de verdade permanece. Pode ser que a distância e os dias tentem se fazerem grandes demais, mas o laço de companheirismo que se estende há de permanecer forte o bastante para agüentar os solavancos do tempo que corre apressado, em busca de algo que nem mesmo existe.
Depois do que passa começamos a reavaliar as coisas, houve tanta palavra não pronunciada, tanto abraço não dado, desculpas que não foram pedidas, agradecimentos que não foram feitos, tudo tragado pela pressa dos dias e pela distração.
Aprendi nesses últimos anos que existem milhares de tipos de pessoas, vi máscaras se formarem e caírem, ouvi palavras que não merecia e recebi conselhos daqueles que realmente se importavam comigo. Tive ainda mais certeza de que o que torna uma pessoa especial não é o tempo que ela está em sua vida.
Sorri os sorrisos mais sinceros, gritei quando tive vontade, cantei até mesmo quando não deveria, pulei, corri, cai. Cativei e fui cativado.
Quando olho para esse tempo, tão recente, que está ficando para trás, veja bem, o tempo fica, as pessoas vão comigo, eu não me arrependo do que fiz, se eu errei, foi tentando acertar e pude aprender com isso."
                    Que os dias possam fazer sentido novamente.
Rodolfo Padovani

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