28 de janeiro de 2011

"Que nunca te doa o beijo, que nunca te doa o abraço. Que nunca te falte um “bom dia”, um “olá”. E um “amo-te” e um “quero-te” e um “preciso-te”. Que nunca a tua voz se canse de se erguer, que nunca a tua mão se canse de acarinhar. Nunca. Que nunca o teu medo te impeça de andar, que nunca a chuva te obrigue a fugir. Que nunca deixes de gritar se te apetecer gritar, que nunca deixes de cantar se te apetecer cantar. Que nunca te deites debaixo de quem te paga só para teres um salário, que nunca pises a quem pagas só porque és tu quem lhe paga. Nunca. Que nunca te arrependas de querer melhor, que nunca te castres de recusar pior. Que nunca te fartes de aprender, que nunca teimes no que não podes vencer. Que nunca o sonho te pareça grande demais, que nunca um choro se te afigure eterno, que nunca a dor de magoar te pareça moderno. Nunca. Nunca evites a palavra que tem de ser dita, a violência que tem de ser maldita. Nunca feches a porta a quem te pede, nunca enchas de murros quem te cede. Nunca. Diz nunca ao hipócrita que te diz “vem”, ao sacana que te pede a mão. Diz nunca. E que só por uma vez te canses de viver. Nunca."


Pedro Chagas Freitas

1 comentário:

Cunha disse...

Está fantástico este texto!!