3 de outubro de 2011

Da Felicidade

"Escrevo este texto e sei que um dia ele pode ser lido pelos meus filhos. Num dia distante, quando eles forem grandes. Por isso, não escrevo bem para vocês, mas mais para eles que podem, talvez, encontrar este texto.
Para mim é importante que saibam que fui uma mãe que os quis ver feliz. Não fui uma mãe preocupada com agasalhos ou com as horas das refeições. Deixei-os brincar à chuva e saltar em cima dos sofás. Nenhuma destas coisas é sinónimo de felicidade, mas quis mostrar-lhes que no mundo há espaço para as coisas se fazerem de forma diferente. E isso é a felicidade. Essa consciência da nossa liberdade, essa certeza de que a vida depende das nossas escolhas. Essa alegria a traço grosso que, por vezes, ultrapassa os pormenores.
Eu não sou aquela mãe que procura colégios exigentes ou que espera que os filhos sejam os melhores alunos. Ás vezes vou a reuniões na escola e a professora fala-me de tabuadas e níveis de concentração e eu ouço-a atentamente. Porque isso é importante. Mas não é tudo. No final tenho sempre que lhe perguntar: mas ele está feliz? E ela olha-me surpreendida, como se o bem-estar fosse inerente à infância. Quero que estudem, claro, mas acima de tudo quero que sejam felizes. Porque, como objectivo último na vida, a felicidade parece-me o melhor que um ser humano pode almejar. Mas a felicidade é, também, uma aprendizagem. E, como constato agora enquanto adulta, há pessoas que não aprenderam a felicidade quando eram crianças. Nem a generosidade. Ou a tolerância. Há pessoas que não sabem ser felizes.
Eu quero que os meus filhos se instruam na felicidade. No gostar da vida todos os dias, no apreciar aquilo que temos. E então sou essa mãe um pouco atípica. E os meus filhos são essas crianças também um pouco atípicas. Não são muito crescidos, nem muito precoces. São, espero eu, muito felizes."


Daqui.

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